07/06/2011

Maria e José -Lucinda Prado & Monsyerrá Batista

Era Maria
Sonhos e fantasias de menina
Trazia a coralina...
Maria vinha de cora
Vinha pura, vinha limpa
Maria corria, Maria dançava.
Maria cantava e sorria
Maria era Livre

Era José
Que chegou
Lá das bandas dos Campos Elíseos
Veio no seu cavalo alado
Trazendo as mãos cheias
De estórias de lutas
Castelos, bruxas, donzelas
Dragões e espadas heroicas
José amava a justiça
E a liberdade

Agora
Era Maria
Era José
Era José e Maria
O novelo e a agulha
Que em sua dança
Rodopiava, tecendo a trama
Que o coração
Conhece e fia

José não era mais cavaleiro
Era um anjo da conquista
Era no céu risonho da bela
Heroico mito de Heitor
A luz do sol e da fantasia
Cantado em versos, prosas
Contos e poesias
Era o ar que ela respirava
Era Maria apaixonada
Era José oitava maravilha
Agora era tudo diferente
O mundo inteiro para dois amantes
Frenéticos e apaixonados
Todos encantos de amor e prazer
Selaram pactos, trocaram juras
Românticos castelos visitaram
José acomodou das aventuras
Pra dedicar-se inteiro ao amor

Não mais lutava, com dragões e bruxas
Cantava loas, declamava versos
Toda lua cheia era para Maria
Mas chegou um dia José se calou
Suspirou um tanto entediado
Não fazia mais versos, nem cantava
Seu olhar perdeu-se no vazio
E Maria agora já não empolgava
Viu-se reclamada companhia.
Maria observava, Maria pedia
Se chorava ninguém sabia
Maria sentia, Maria sofria
Não via mais nele a mesma alegria
Tudo ao redor era cinza rotina
E Maria pediu
E Maria rezou
E Maria entendeu o que o acometia

Lá se foi José no seu cavalo alado
Levou sua Maria só no coração
Vestiu a armadura de lutas de outrora
Pra outras aventuras, pra outras dimensões
Lá ficou Maria junto do castelo
A se olharem de longe nas dobras da lua
Com longos bordados
Feitos de renuncia
Feitos de ternura, amor e devoção

Depois da partida veio a tempestade
Depois a bonança em seu coração
Maria acordou certo dia
Surpresa, voltara a sonhar
José também, e voltou a lutar

Maria sentia-se novamente amada
José percebia que ela
Era sua força para vencer
E nas noites de lua, vem vindo José
Aninhar-se no leito de sua Maria
Agora o castelo só sabe dizer
Maria José
José Maria.

**Versão da obra original de Lucinda Prado feita por Monsyerrá Batista