11/06/2014

De Lá pra Cá - Lucinda Prado


Transborda de dentro de mim
Palavras, frases, versos inteiros.
Que borbulham eloquentemente
E os vomito no papel em branco.

Na página virgem, rabisco um risco
Arrisco um grito, um gemido de peito,
São letras transformando palavras
São palavras recompondo versos

Nua com meus poemas
Vou rabiscando amor, flor e dor
Enxugando lagrimas, abrindo risos
Acordes que ainda não são canções.

Vai surgindo cores, odores, sangue?
São tantas estrelas, luas e apenas um sol
É um sorriso, um acorde, uma melodia.









04/06/2014

Pelos Grandes Sertões das Gerais – Lucinda Prado


Não era novo nem velho, nem bonito nem feio
Só sei que apareceu numa curva da estrada...
Veio vindo com sua montaria garbosa, altaneira.
A estrada? Essa que era feia, riscada de xadrez
de chuva derramada aos potes.

Cavaleiro e cavalo, em completa harmonia.
O de cima, de vestimenta, um capote e uma capa
Que se espalhava rodadamente sobre o dorso do debaixo
Que vinha no tropeço da estrada de terra sovada
Trazendo na retaguarda um cachorro julim.

O que vinha em cima da montaria cabalina
espalhava nos lábios um sorriso de ouro
Levantou a mão a nos saudar ...
Dedos de cigarro, unhas de terra escavada

Assim como o vento, passou retinindo esporas
Retinindo esporar evaporou no vento
Zé Bebelo?Riobaldo?Ou seria Zeca Ramiro?
Voltando dos grandes sertões das gerais.


Ai meu compadre Quelemém!
me explica lá este acontecimento,
Será que foi o Medo que agarra a gente pelo enraizado
Ou foi porque o mundo esta todo desarrumado?

                                ***


Zé Bebelo, Riobaldo, Zeca Ramiro Compadre Quelemém - Personagens de Guimarães Rosa

Eretismo – Lucinda Prado


A alma se fez candente
Em inquietações desconcertantes
Impelindo pensamentos devassos
Contra um corpo arquejante!

Rapidamente no cérebro estanca
No afã de ideias insanas
Um feixe de luz alavanca
Loucos instintos, chispantes!

Corpo e alma na forja ardente
Rija a boca... Contorce o dorso
Na suprema convulsão delirante
Esmaga a pele, range os dentes!

Do corpo emanam faíscas instigantes
Encontram raios, espasmos, gritos
Rotação lenta entre corpo e alma

Corpo e alma lentamente descansam!