12/12/2010

Desmantelo de Amor - Lucinda Prado & Monsyerrá Batista

Uma dor pungente trespassou meu coração
Dor aguda, de talhe fundo...
De um rubro assustador.
Cor de gorro de saci,
Dor de quem ama.

Perdi o chão... desfaleci
Um grito abissal ecoa de minha boca
Qual seta certeira no flanco atingido,
Tiro trassante que rasga a carne,
Perdi o rumo, o prumo, rosnei, ensandeci
Chorei seco como choram os guerreiros

No silencio uma voz!
-Acorda! Levanta guerreira!
Era minha alma acenando sua bandeira
Centelha de vida, sentença de morte.
Prova de fogo, desmantelo de amor.

Tristeza, angustia, agonia
Espreitou-me calada, muda, tensa.
Aos poucos o lençol do dia me aconchega,
Lentamente inaugura em meus olhos
Uma dor colorida de aquarela crua

Tapo a Ferida aberta
Soluços mostrando as garras
Tragando a dor, cerrando o punho, juntando as forças.

Tento montar novamente o galope da vida,
Tal como cedro, me arrasto para o dia,
Quase despenco, abismo, desencanto
Lá vou eu agora, recompondo o espelho.
Respiro, choro, suspiro, amanheço.
Feito arvore trabalhando a seiva.

Invento poemas
Faço um mundo novo
Lá vou eu novamente
Mundo, mundo, mundo.

Lucinda Prado e Monsyerrá Batista