12/12/2010

Aquela Mulher - Lucinda Prado

Aquela mulher

Quem era aquela mulher! Tão misteriosa
Escondida por trás de tantos panos
Seu rosto não se via
Apenas um fantoche ambulante.

De onde ela veio?
Qual seria sua história?
Vive sozinha, isolada do mundo.
Numa triste espera de morte, talvez.

Teria esperanças inconfessas?
Saberia a razão de tal infortúnio
Ou apenas se revolta
Sem saber por que tamanha desdita.

Teria ela amado,
Teria sido amada?
E sua fé no criador? Teria sido abalada pelo infortúnio?
Quem é esta mulher?

Ela não mostra o rosto
Ouvimos apenas sua voz, ainda, doce
A ditar as regras de nossa rara presença.
Sua vergonha a faz voltar para seu mundo de solidão.

Que triste impressão tu nos causaste!
Será meu Deus que o tempo voltou e
Ainda hoje encontramos tais cenas!
Parecidas tiradas das páginas de um romance romano!

Que mulher é esta,
Vento me responda?
Porque ela esconde o rosto?
Porque suas vestes lhe cobre todo o corpo?

Custamo-nos a acreditar no que nossos sentidos percebem
Que dor aguda me tomou o peito,
Uma vontade inquieta de retornar,
Sentar ao seu lado e embala-la nos braços.

Ouvir sua voz contando de sua dor,
De suas angústias e de sua solidão,
De seus sonhos perdidos
De teus sonhos não sonhados.

Você tem filhos?
Você teu amigos?
Não?
Ah! Só tem o Mestre?

É ele quem embala seus sonhos,
E te acalenta nas longas noites de insônias?
Posso ouvi-la orando,
O mal de Lázaro não a afastou de Deus.
Apenas mutilou seu corpo.