22/12/2011

Maria e José - Lucinda Prado e Monsyerr Batista

Era Maria

Sonhos e fantasias de menina

Trazia a coralina... 

Maria vinha de cora
Vinha pura, vinha limpa
Maria corria, Maria dançava.
Maria cantava e sorria
Maria era Livre



Era José

Que chegou 

Lá das bandas dos Campos Elíseos

Veio no seu cavalo alado
Trazendo as mãos cheias
De estórias de lutas
Castelos, bruxas, donzelas
Dragões e espadas heróicas
José amava a justiça 
E a liberdade



Agora

Era Maria

Era José

Era José e Maria
O novelo e a agulha
Que em sua dança
Rodopiava, tecendo a trama 
Que o coração
Conhece e fia



José não era mais cavaleiro

Era um anjo da conquista

Era no céu risonho da bela

Heróico mito de Heitor
A luz do sol e a fantasia
Cantado em versos, prosas
Contos e poesias
Era o ar que ela respirava
Era Maria apaixonada
Era José oitava maravilha


Agora era tudo diferente

O mundo inteiro para dois amantes

Frenéticos e apaixonados

Todo encanto de amor e prazer

Selaram pactos, trocaram juras
Românticos castelos visitaram,
José acomodou-se das aventuras
Pra dedicar-se inteiro ao amor
Não mais lutava, com dragões e bruxas
Cantava loas, declamava versos
Toda lua cheia era para Maria


Mas chegou um dia José se calou

Suspirou um tanto entediado 

Não fazia mais versos, nem cantava

Seu olhar perdeu-se no vazio

E Maria agora já não empolgava
Viu-se reclamada companhia


Maria observava, Maria pedia
Se chorava ninguém sabia 
Maria sentia, Maria sofria
Não via mais nele a mesma alegria
Tudo ao redor era cinza rotina
E Maria pediu
E Maria rezou
E Maria entendeu o que o acometia


Lá se foi José no seu cavalo alado

Levou sua Maria só no coração

Vestiu a armadura de lutas de outrora

Pra outras aventuras, pra outras dimensões
Lá ficou Maria junto do castelo
A se olharem de longe nas dobras da lua
Com longos bordados
Feitos de renuncia
Feitos de ternura, amor e devoção



Depois da partida veio a tempestade

Depois a bonança em seu coração

Maria acordou certo dia

Surpresa, voltara a sonhar 
José também, e voltou a lutar



Maria sentia-se novamente amada

José percebia que ela 

Era sua força para vencer 

E nas noites de lua, vem vindo José
Aninhar-se no leito de sua Maria
Agora o castelo só sabe dizer
Maria José
José Maria.



**Versão da obra original de Lucinda Prado feita por Monsyerrá Batista 

Na foto: Lucinda e Monsyerrá escrevendo Maria & José