19/07/2011

O VOO DA FÊNIX - Poema escrito a oito mãos



Nota : Este poema nasceu de uma chamada para que alguém pudesse dar continuidade a uns versos meus, como vários poetas se propuseram a faze-lo, então resolvemos entrelaçar todos os versos . Essa organização foi feita pelo Pecchia.
Os Poetas:
Antonio Carlos de Paula, Alfredo Martino, Ana Paula Fumian, Paulinho Natureza, Marco Aurélio Morales do Nascimento,Pecchia e Lucinda Prado


Uma sombra se escondia
Lisa, flutuante desconcertante,
No pescoço uma cobra em pérolas
A ornar sua garganta santa, mansa,
A ferir tal qual ponta de lança
Suas vestes escorriam em curvas de seda,
Macias, como das rosas, as pétalas.

Seu corpo recebendo maciez deslizante,
Lindo rosto moreno, trigueiro irônico.
Na voz um tilintar feminino, sinfônico,
Moldura de cor de manhã ensolarada.
Uma cascata de luz a moldar suas faces fortes,
Nos olhos delineados largos e precisos
O impacto de olhares, fortes, incisos,
Ecoando na calçada.

Para a festa da tristeza,
Melancolia, desilusão.
Dissipou a escuridão,
Era a sombra do desencanto.
Vestida em traje de gala
Derrapou por entre as curvas,
Charme de orvalho após a chuva,
Dor infinita de sedução.

Doce magia!
Desnudo frente ao espelho
E naquele rosto trigueiro,
Moldava o penteado.
Aconchegou-se
No frágil coração,
Da estrada da solidão
Teve seu corpo desejado.

E o vermelho encanto,
emoldurado de luz
Coloriu sua vida despida
E não menos sofrida
Que havia em seu coração.
Quem roubou o seu sonho?
Houvera de ser alguém!
Raptou seu olhar, assombrou seu encanto,
Quem? Então quem?

Cristais de vidro ao chão...
Rolou um pranto de estrelas!
Por que se dar por vencida,
Tantos caminhos na vida,
Quem a visse, a desejaria,
Mas quem a possuísse,
Por certo a deixaria esquecida.
Então quem?

Quantas curvas na estrada.
Lágrimas que dos olhos escorriam,
Disfarçavam, escondiam
Um retalho de neblina.
Desengano em sua fisionomia.
E por haver encanto e desencanto,
E mesmo banhada em prantos,
Ainda assim,
Seu escravo morreria.

Ouviu-se uma música ao longe
Triste e sozinha, ela se pôs a dançar.
Os passos, no entanto eram firmes.
Seu vestido vermelho, tal qual um véu,
Trouxe-me novamente a fênix
Que dançando no céu brincou de voar.
Que a noite vazia, esta não queria acabar.
O espírito do medo chegou sem fazer alarde
E os sons que a ele se prendiam
Pisou no seu manto, quem?
Sombra covarde..

Foto:http://lucasaerograffartes.blogspot.com/2009/11/fenix-de-preceitos-...