23/07/2011

FRENESI - Lucinda Prado

Olhos de fogo, unhas negras afiadas.
Boca escancarada a vomitar injurias...
Você despiu-se de si, vestiu-se de negro
Calçou botas de ferro a me subjugar
Cuspiu palavras de fogo

Despi de mim e tal qual
Um anjo descaído te ouvi tirano
Tudo turvou, meus olhos molharam
De ódio e dor
Dor sufocante de injustiça

Com botas tirânicas sufocou meu grito
Ouviu-se presente o homem de garras afiadas
Um anjo descaído ouvia
Verdades imbuídas de fel
Da boca dantes amor
Saiu ódio, sentenças de morte.

Qual vela acesa sua imagem escorreu
Ouvi palavras se transformando em pedras
Vi chispas e labaredas sendo disparadas em minha direção
Fogo cruzado entre o bem e o mal
E um anjo descaído em mim te ouviu
Fez-me correr de dor e agonia.

Mas um vento soprou em você
Apagou-se o fogo de lucífer
O anjo descaído se despiu de mim
E restou seu olhar aparvalhado
Mirou fundo minh` alma
Espreitou-me dorida
Secou-me os olhos...
Aparou minha dor
Estreitou-me nos braços e te reconheci.

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A obra de arte de Picasso, pintada entre 1920 e 1930, e exibida somente uma vez publicamente, desde 1951, retrata uma de suas amantes, Marie-Thérèse Walter.