hoje a poesia me pegou desprevenida
procuro rimas e encontro vazios
o coração grita, grito de silêncio
a mão teima em não obedecer
ao impulso do que não vêm
já fui outras poesias, outros cantos
já fui até Lusíadas
já fui carbono
já fui bicabornato
hoje o que sou?
sou mais Quintana e Drummond?
e o poeta que grita em mim?
grito profundo, seco, rimatico
não posso deixa-lo dormir
tento acorda-lo
Sacudindo-o dentro de mim.