18/04/2012

O Tempo Pede Desculpas - Lucinda Prado














Hoje regressei a antiga casa de minha infância
Perco-me parada aos pés da porta de entrada
Uma força estranha abala-me a alma,inquieta
Dúvida cruel entre o ir e vir - a saudade é vencedora.

Meus pés se movem na lentidão dos degraus
Que me conduzem a antessala de minhas lembranças
Revejo-me pequenina e sorridente, quase feliz!
Ouço meus risos ecoando pelas paredes nuas.

Da janela da alma, me aproximo vagarosamente
Olhando pelos espaços de minha morada,
 Sem, no entanto ver claramente quão profunda é!
A mesma paisagem colorida, agora pertence ao tempo
A se perder entre brumas de estradas indistintas.

Perdi-me dentro de mim, atropelei caminhos e ruas
Escorreguei em pedras de minhas memórias, quase vazia.
Agonizo na escuridão de um cenário seco,
Semimorto, flutuante que se evapora ao vento
Vago pelas ruas turvas de minha velhice,
Onde fui parar que não me encontro?

(dedicado a uma senhorinha chamada Violeta)

Na foto: D. Inlidia e Lucinda Prado