23/07/2011

FRENESI - Lucinda Prado

Olhos de fogo, unhas negras afiadas.
Boca escancarada a vomitar injurias...
Você despiu-se de si, vestiu-se de negro
Calçou botas de ferro a me subjugar
Cuspiu palavras de fogo

Despi de mim e tal qual
Um anjo descaído te ouvi tirano
Tudo turvou, meus olhos molharam
De ódio e dor
Dor sufocante de injustiça

Com botas tirânicas sufocou meu grito
Ouviu-se presente o homem de garras afiadas
Um anjo descaído ouvia
Verdades imbuídas de fel
Da boca dantes amor
Saiu ódio, sentenças de morte.

Qual vela acesa sua imagem escorreu
Ouvi palavras se transformando em pedras
Vi chispas e labaredas sendo disparadas em minha direção
Fogo cruzado entre o bem e o mal
E um anjo descaído em mim te ouviu
Fez-me correr de dor e agonia.

Mas um vento soprou em você
Apagou-se o fogo de lucífer
O anjo descaído se despiu de mim
E restou seu olhar aparvalhado
Mirou fundo minh` alma
Espreitou-me dorida
Secou-me os olhos...
Aparou minha dor
Estreitou-me nos braços e te reconheci.

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A obra de arte de Picasso, pintada entre 1920 e 1930, e exibida somente uma vez publicamente, desde 1951, retrata uma de suas amantes, Marie-Thérèse Walter.

19/07/2011

O VOO DA FÊNIX - Poema escrito a oito mãos



Nota : Este poema nasceu de uma chamada para que alguém pudesse dar continuidade a uns versos meus, como vários poetas se propuseram a faze-lo, então resolvemos entrelaçar todos os versos . Essa organização foi feita pelo Pecchia.
Os Poetas:
Antonio Carlos de Paula, Alfredo Martino, Ana Paula Fumian, Paulinho Natureza, Marco Aurélio Morales do Nascimento,Pecchia e Lucinda Prado


Uma sombra se escondia
Lisa, flutuante desconcertante,
No pescoço uma cobra em pérolas
A ornar sua garganta santa, mansa,
A ferir tal qual ponta de lança
Suas vestes escorriam em curvas de seda,
Macias, como das rosas, as pétalas.

Seu corpo recebendo maciez deslizante,
Lindo rosto moreno, trigueiro irônico.
Na voz um tilintar feminino, sinfônico,
Moldura de cor de manhã ensolarada.
Uma cascata de luz a moldar suas faces fortes,
Nos olhos delineados largos e precisos
O impacto de olhares, fortes, incisos,
Ecoando na calçada.

Para a festa da tristeza,
Melancolia, desilusão.
Dissipou a escuridão,
Era a sombra do desencanto.
Vestida em traje de gala
Derrapou por entre as curvas,
Charme de orvalho após a chuva,
Dor infinita de sedução.

Doce magia!
Desnudo frente ao espelho
E naquele rosto trigueiro,
Moldava o penteado.
Aconchegou-se
No frágil coração,
Da estrada da solidão
Teve seu corpo desejado.

E o vermelho encanto,
emoldurado de luz
Coloriu sua vida despida
E não menos sofrida
Que havia em seu coração.
Quem roubou o seu sonho?
Houvera de ser alguém!
Raptou seu olhar, assombrou seu encanto,
Quem? Então quem?

Cristais de vidro ao chão...
Rolou um pranto de estrelas!
Por que se dar por vencida,
Tantos caminhos na vida,
Quem a visse, a desejaria,
Mas quem a possuísse,
Por certo a deixaria esquecida.
Então quem?

Quantas curvas na estrada.
Lágrimas que dos olhos escorriam,
Disfarçavam, escondiam
Um retalho de neblina.
Desengano em sua fisionomia.
E por haver encanto e desencanto,
E mesmo banhada em prantos,
Ainda assim,
Seu escravo morreria.

Ouviu-se uma música ao longe
Triste e sozinha, ela se pôs a dançar.
Os passos, no entanto eram firmes.
Seu vestido vermelho, tal qual um véu,
Trouxe-me novamente a fênix
Que dançando no céu brincou de voar.
Que a noite vazia, esta não queria acabar.
O espírito do medo chegou sem fazer alarde
E os sons que a ele se prendiam
Pisou no seu manto, quem?
Sombra covarde..

Foto:http://lucasaerograffartes.blogspot.com/2009/11/fenix-de-preceitos-...

13/07/2011

UIRAPURU - Lucinda Prado

Canto de amor ecoando nas matas
Arrancando do peito doce saudade
Meus olhos buscam longe uma imagem
Desbotada no preto e branco de meu pensar.

Oh! meu uirapuru de peito branco
Em que galho você se esconde
Vem trazer seu lindo canto
pra minha vida encantar.

Oh! meu uirapuru de asas brancas
Canta, canta seu cantar.
Melodias de paixão
Para meu amado despertar

Seu canto é sinfonia de Heitor
A embalar os sonhos de meu amor
Meu passarinho trovador
Canta, canta seu cantar

Foto Google

07/07/2011

Homem de luz – Lucinda Prado

Quando você me visitou
Fez-se luz nos meus olhos
Brilho luzente... Acalantos.
Teu brilho me confundiu a retina.

Julguei-me no mundo dos mortos
Ai de mim – mero engano!
Você saltou do mundo dos anjos,
Ofereceu-me tua luz etérea

Quando te vi assim, luz diáfana
Experimentei uma coragem além de mim
Trouxeste contigo a flor puríssima
Florais de fadas e doçuras de mel.

Senti em meu corpo seu bem querer
revivi, renasci e me refiz quando te vi
O mundo me acolheu novamente
E você se foi... Pura luz cristalina.

Foto: Monsyerrá Batista - Serra do Cipó/MG